ResumoNo século XV existiam cerca de 500 marinhas na Ria de Aveiro. Há cerca de 50 anos, cerca de 270 marinhas produziam sal e no ano de 2006, são apenas 8 as marinhas em exploração. A atividade da recolha do sal encontra se em decadência, existindo muitas marinhas abandonadas. Oprocesso de degradação e abandono das marinhas é acelerado pelas fortes correntes de enchente que penetram no interior da laguna, destruindo os muros de proteção das marinhas (motas) e escavando o fundo dos canais. As motas são pequenos diques rudimentares, construídos pelos agricultores, com baixas cotas de coroamento e constituídos pela consolidação de lodos com pedras e matéria orgânica. A ausência da tradicional manutenção artesanal das motas contribui também para a sua progressiva degradação. Estas motas garantiam a defesa da laguna contra o avanço das águas salgadas e controlavam, com o apoio de comportas, a hidrodinâmica da ria. Atualmente não protegem de forma eficaz os terrenos, devido ao deficiente estado de conservação, à permeabilidade e à reduzida cota de coroamento. Esta situação gera galgamentos de motas, indefinição das secções transversais dos canais da ria e cria enormes reservatórios de água, abastecidos em situação de preia-mar. Pelo descrito, o impacto da destruição das marinhas é significativo na alteração das condições hidrodinâmicas e na morfologia do fundo da laguna, com fortes consequências para as populações ribeirinhas. Alguns proprietários das marinhas intervieram já na tentativa de suster a degradação das motas com a colocação dos mais diversos materiais. Os resultados destas intervenções têm sido aparentemente pouco satisfatórios, registando-se em geral assentamentos importantes, além destas soluções resultarem geralmente em impactos negativos sobre um meio com características ambientais a proteger.
Objetivos- Avaliar a atual situação das Marinhas de Sal de Aveiro e definir uma área de estudo;
- Estabelecer relações entre a hidrodinâmica da Ria, o transporte sedimentar e a erosão dos muros das marinhas;
- Analisar o impacto da degradação das Marinhas na dinâmica da Laguna;
- Contribuir para a compreensão do transporte sedimentar coesivo e seus efeitos na evolução morfológica da área de estudo;
- Analisar o comportamento dos muros tradicionais e propor novas soluções.
Equipa
Coordenador: Carlos Coelho (Universidade de Aveiro)
Universidade de Aveiro: Margarida Pinho Lopes, João Miguel Dias, Paulo Silva
Laboratório Nacional de EngenhariaCivil:André Fortunato, Luís Portela,