ObjetivoA segurança das infraestruturas de controlo de cheias, em particular das barragens, é um problema que tem vindo a preocupar, cada vez mais, os técnicos e entidades responsáveis pelo projeto, licenciamento, construção e exploração destas infraestruturas, verificando-se uma consciencialização crescente da existência dum risco potencial para as populações instaladas nos vales a jusantes.
O processo de identificação e avaliação do risco associado a um desastre natural ou provocado, complementado pela definição de estratégias e ações de minimização dos potenciais efeitos desse desastre, em vidas humanas ou em danos patrimoniais, é conhecido por gestão do risco. As principais componentes da gestão do risco são a avaliação do risco e as medidas de controlo e mitigação.
Gestão do risco de cheias provocadas por acidentes com Barragens (fonte: Viseu, 2006)
Três das medidas não-estruturais que mais contribuem para a mitigação do risco hidrológico são os sistemas de aviso e alerta, o planeamento e a simulação da resposta à emergência.
Um sistema de apoio à gestão da emergência com barragens tem por objetivo:
- disponibilizar toda a informação relevante para a preparação da resposta a situações de emergência provocadas por acidentes com barragens, nomeadamente a elaboração de planos de emergência;
- permitir simular a resposta à emergência, que se pode definir como o processo de afetação de meios e de execução de ações com vista a minorar as consequências da situação crítica;
- contribuir para a formação dos agentes de proteção civil responsáveis pela implementação das ações de resposta à emergência.
MetodologiaA complexidade do processo de resposta à emergência e a dinâmica do sistema, aliadas ao volume de informação a gerir, sugere que se recorra às tecnologias de informação para apoiar a resposta à emergência em caso de acidente com uma barragem.
Na prática, isto corresponde a construir-se um sistema de apoio à gestão de emergências, necessariamente associado à gestão de grandes volumes de dados. A base de dados é assim uma componente importante deste sistema de informação, embora, o armazenamento de dados não seja, só por si, suficiente para apoiar nas situações de emergência. Osistema deve ainda fornecer um conjunto de funcionalidades que permitam gerir (processar os dados e apresentá-los de forma percetível aos agentes que tomam decisões), se possível automaticamente, a informação que deve constar nos planos de emergência. Para que o sistema possa ser utilizado no apoio a ações de formação do pessoal envolvido e em exercícios de simulação, é ainda necessário que inclua funcionalidades para analisar e processar os dados registados durante esses exercícios de treino.
O conjunto de dados mais importante deste tipo de sistemas de informação, denominado SAGE_B, diz respeito a:
- caracterização dos elementos em risco - a população, edifícios e outras infraestruturas tecnológicas, atividades económicas, serviços públicos, etc. que podem ser afetados pela ocorrência dum desastre numa determinada área;
- recursos disponíveis para fazer face à catástrofe – veículos de transporte de carga e passageiros, bens e equipamentos industriais, alojamentos e instalações disponíveis para eventual apoio a desalojados, estabelecimentos hospitalares;
- meios humanos a requisitar e constituição das várias equipas de administração e logística;
- cenários de rotura – conjunto de condições que configuram acidente ou incidente com a barragem e mapas de inundação para cada um dos cenários ou, no mínimo, para o cenário considerado extremo;
- cadeia de hierarquia ou comando;
- todos os procedimentos e ações de resposta à emergência.
Sistema informação de apoio à gestão de emergência de Barragens
A tecnologia de bases de dados permite a caracterização destes elementos por um conjunto de atributos alfanuméricos descritivos e por atributos que caracterizam a sua localização geográfica.
As simulações computacionais da resposta à emergência, em particular a modelação dos processos de coordenação, de evacuação ou de apoio a deslocados, tornaram-se possíveis graças aos avanços, verificados na última década, na área da ciência da computação, em particular dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e da metodologias para integração de modelos de diferentes tipos, tais como modelos matemáticos, modelos baseados em regras, modelos baseados em Sistemas Multi-Agente (SMA).
Os utilizadores potenciais do sistema, donos de obra e agentes de proteção civil, embora distribuídos geograficamente, deverão poder aceder a uma interface adaptada às suas necessidade, de fácil utilização e de uso generalizado. O sistema SAGE-B está a ser implementado como um serviço Web, acessível através de um vulgar navegador de Internet. Utiliza-se tecnologia de Internet para implementar este sistema, existindo naturalmente uma autenticação dos utilizadores e controlo de acessos.
Publicações- SANTOS, M. A.; GONÇALVES, A.; SERRANO, H. (2005) - Sobre um Sistema de Informação para Apoio à Gestão de Emergências Provocadas por Cheias Induzidas. Comunicação apresentada ao 7º SILUSBA, Évora, 30 de maio, 2005.
- SERRANO, H. (2005) – Sistema de Apoio à Gestão de Emergências do Aproveitamento do Alqueva. Relatório de projeto relativo ao estágio realizado no LNEC, julho de 2005.
EquipaMaria Alzira Santos, Investigadora-coordenadora
João Palha Fernandes, Estagiário de investigação
António Gonçalves, Bolseiro LNEC
Teresa Viseu, Assistente de Investigação